Os trabalhadores envolvidos com a cultura, foram diretamente afetados pela pandemia. Durante esse período considerado atípico, a Secretaria Municipal de Cultura de Arroio Grande foi fundamental na garantia da execução de políticas públicas que garantissem a viabilização dos recursos para a manutenção desses trabalhadores.
A secretária responsável pela pasta, Anelize Carriconde ressalta em entrevista as ações que foram desenvolvidas ao longo desse ano no município.
Ativista cultural e com uma trajetória envolvida com a causa, Anelize Carriconde, assume a Secretaria Municipal de Cultura, ainda na gestão anterior com o objetivo de pluralizar o cenário cultural arroio-grandense, para isso busca colocar em prática sua experiência política e de gestão. Ao recordar o início do trabalho, a secretaria destaca que um dos pontos iniciais das ações foi voltado para a transformar a visão dos em relação aos movimentos culturais mais latentes no município, o Carnaval e o Acampamento Farroupilha.
De acordo com Anelize, essa mudança de visão diz respeito a não resumir esses movimentos somente aos eventos, mas sim buscar as mais diversas manifestações que cercam esses dois grandes movimentos. O cenário pandêmico foi um grande desafio, no entanto o período facilitou o diálogo no sentido de reorganizar e promover os rumos da cultura no município, sendo realizada ao longo desse ano as pré-conferências que culminaram com a Conferência Municipal de Cultura, reunindo diversos agentes culturais dos mais variados segmentos.
Um dos pontos evidenciados durante a conferência de acordo com a secretária, foi a falta de formação e produtores para gerenciar e profissionalizar as áreas culturais. Baseada nessa necessidade, a secretaria já busca ações que viabilizem a formação de técnicos, diretores de palco e demais profissionais. Anelize considera que durante a pandemia, a Lei Aldir Blanc foi um divisor de águas, o que exigiu uma estruturação da secretaria no sentido de aplicar os recursos oriundos da lei em sua totalidade, missão concluída com êxito através dos projetos e editais lançados no município. Dessa forma a equipe de trabalho se empenhou em captar recursos sempre garantindo a diversidade cultural, um dos fundamentos do trabalho implementado pela gestão. “Acredito que os artistas devem ser reconhecidos acima de tudo como trabalhadores, para isso é fundamental defendermos o fortalecimento das entidades buscando a manutenção da cultura em movimento em suas mais diversas manifestações” - afirma Anelize.
Além dos recursos oriundos da lei, o município proporcionou o fomento de R$ 60 mil (recursos próprios), que foram destinados para a realização de diversos projetos culturais através de editais, e ainda receberá R$ 30 mil do Estado, e mais R$ 15 mil em contrapartida do município para edital que será lançado na Feira do Livro. A participação em editais foi uma prática nova para os artistas, para isso a equipe da Secretaria de Cultura buscou dar todo o suporte e orientação necessária para os trabalhadores terem acesso aos recursos, sendo criado o Cadastro dos Trabalhadores da Cultura, que busca mapear os profissionais e os segmentos culturais no município, tal organização reflete-se na facilidade ao acesso aos recursos da esfera Estadual.
Mesmo sendo uma secretaria de pequeno porte, o trabalho efetivo consegue estabelecer boas parcerias buscando a criação de ambientes para o crescimento dos movimentos com destaque para a programação recentemente realizada da Semana da Consciência Negra e ações que envolvem a comunidade LGBTQIA+, movimentos que se organizam independente de questões políticas. A secretaria também buscou investimentos estruturais nos espaços físicos utilizados para ações culturais, como no caso do Centro de Cultura Basílio Conceição, Museu Municipal e Biblioteca Pública, ações sempre realizadas baseadas nas demandas da classe artística.
“Precisamos crescer e evoluir, mas queremos fazer isso juntos, com planejamento e organização da sociedade civil buscando a inserção e a ocupação dos espaços”- declara Anelize. Um dos assuntos pautados por Anelize, foi o cancelamento dos desfiles e do concurso das escolas de samba para o Carnaval de 2022. A decisão tomada junto aos órgãos de saúde e agremiações carnavalescas está baseada na insegurança sanitária e pela falta de tempo hábil para a organização das Escolas de Samba.